sexta-feira, 24 de abril de 2009

Sugestão 24 e 25 Abril

Ante-Estreia Dança + Concerto>24 e 25 de Abril às 21h30


5 euros
Ante-Estreia



Hurra! Arre! de Luís Guerra [1ª parte da trilogia Hurra! Arre! Apre! Irra! Ruh! Pum!]

«Danco estas la plej univers1.Hurra! (do Ing. Hurrah <>


Banda Sonora: Tânia Carvalho


Produção: Bomba Suicida


Co-Produção: Box Nova/CCB – Lisboa, Teatro Viriato – Viseu, Teatro Maria Matos – Lisboa.

Concerto Moliquentos com Tânia Carvalho, Bruna Carvalho e Zeca Iglésias




Teatro Ibérico

Rua de Xabregas 54 - Beato - Lisboa


bscultural@bscultural.org




Experimentar a Liberdade
Comunidade

‘O 25 de Abril é Uma Criança no Jardim da Estrela’

Dia 25 de Abril, das 10h30 às 13h00 e das 14h30 às 17h00
Lisboa – Jardim da Estrela
Entrada Livre


Workshop para Pais, Filhos, Tios, Primos, Avós, Amigos, Companheiros, Camaradas,
dos 0 aos 100 anos.

– terra – música – picnic – bandeiras – manifestação

Direcção de:Rita Wengorovius, Sofia Neuparth, Vítor Rua
Com:Joana Louçã, Luz da Câmara, Isaak Erdoiza


EXPERIMENTAR A LIBERDADE desenvolve-se em 4 ilhas de acção contínua:

a terra:
plantar cravos, conversar sobre crescer e plantar, experimentar o movimento na terra e com a terra.

a música:atelier contínuo de música sobre ouvir, tocar, experimentar, produzir som, cruzar sons, deixar o som soar, experimentar a palavra com o som, cantar.

as bandeiras:
as palavras e a escrita, os poemas, o desenho, as frases fortes. Estará sempre uma pessoa a possibilitar a criação de bandeiras com escritos vários.

o picnic:maçãs e morangos (frutos vermelhos) e, continuamente, um espaço de corpo, de comer e de conversar, com toalhas no chão.

Ao longo de toda a acção, as crianças vão percorrer o jardim, trepar às árvores, procurar maçãs escondidas nas árvores e sementes de cravo escondidas. Vão ainda pendurar mensagens, com molas, em fios de balões vermelhos, cheios de hélio, suspensos pelo jardim.


No final, todos os intervenientes se juntam para fazer:a manifestação, antecedida de uma ginástica de preparação, para tonificar os manifestantes, exercitando o movimento e a voz.

Depois da manifestação, vamos fazer uma largada de balões e mensagens.
As crianças vão semear os cravos em vasos, que lhes são oferecidos. Levar as sementes para casa significa dar continuidade ao movimento da Liberdade e cuidar Dela a cada dia; tomar a Liberdade como uma semente, um potencial de energia inerente à vida; pôr a Liberdade em movimento.


RITA WENGOROVIUS
Directora artística do Teatro Umano, Mestre em Criatividade Aplicada ao Teatro, Doutoranda em Teatro Social pela Universidade Católica de Milão , professora convidada do mestrado em Teatro e Comunidade da Escola Superior de Teatro e Cinema. A partir 1998, desenvolve trabalho continuado em projectos para crianças, jovens e idosos.

SOFIA NEUPARTH
Investigadora em Estudos do Corpo, Coreógrafa, Directora do ‘c.e.m – Centro Em Movimento’. Desde 2000, dirige e promove projectos pedagógicos dirigidos à comunidade infantil e juvenil, colaborando com diversas escolas.

VÍTOR RUA
Músico e Compositor, tem apresentado o seu trabalho na Culturgest, CCB, Teatro Nacional de São João, entre outros, integrou vários projectos musicais, Telectu, GNR, entre outros. Tem dirigido vários ateliers de composição musical para crianças e jovens.

JOANA LOUÇÂ
Bióloga, performer, monitora de projectos pedagógicos c.e.m.

LUZ DA CÂMARA
Investigadora, actriz, encenadora, monitora de projectos na comunidade e de projectos pedagógicos do c.e.m.

ISAAK ERDOIZA
Performer, monitor de projectos pedagógicos do c.e.m.







segunda-feira, 13 de abril de 2009

Um terrível, desesperado e feliz silêncio

Crónica de António Lobo Antunes
(Visão, 18 a 24 Março 2004, p. 15)

Um terrível, desesperado e feliz silêncio

No princípio de março acabo o meu romance, começado em junho de 2002. devia estar contente: é melhor, sozinho, que tudo o que publiquei até agora, somado e multiplicado por dez. durante vinte meses gastei nele praticamente as vinte e quatro horas de cada dia desses meses, escrevi-o desencantado, com vontade constante de destruir o que ia fazendo, sem saber bem para onde dirigis, limitando-me a seguir a minha mão, num estado próximo dos sonhos, e ao começar a revê-lo, surpreendido, pareceu-me composto.
não composto, ditado por um anjo, por uma entidade misteriosa que me guiava a esferográfica. Foram vinte meses num estado de sonambulismo estranho, descobrindo-lhe, durante as correcções, uma coerência interna que me havia escapado, uma energia subterrânea, vulcânica, de que me não julgava capaz. Devia estar contente: não estou. Em primeiro lugar porque nem um cisco de vaidade existe em mim. Sou demasiado consciente da minha finitude para isso, e muitas vezes recordo o que o advogado Howard Hughes, o milionário americano, respondeu ao jornalista, que logo após a morte do seu cliente, lhe perguntou quanto é que Hughes tinha deixado. O que o advogado disse foi
- Deixou tudo
e eu deixarei apenas, além de tudo, uns livros e, espero, alguma saudade nas poucas pessoas que me conheceram e fizeram o favor de gostar de mim. Nada mais. Em regra chegamos demasiado tarde a algum conhecimento da vida que de pouco nos serve. Uns livros. Este, que me devia deixar contente e não deixa. O que sinto agora, a uma ou duas semanas de acabá-lo, é um enorme enjoo físico do acto de escrever. Até junho ou julho não começarei outro romance porque me sinto exausto. E no entanto
(e é por isso que não estou contente)
aborrece-me ter, com sorte, talvez tempo para mais dois ou três livros antes que as águas se fechem definitivamente sobre a minha cabeça: eis a verdade. E esse facto aborrece-me. Acho injusto, dado que sinto em mim, com ganas de subirem à tona, não dois ou três livros mas uma mão cheia deles. Começo a ter uma ideia do que é escrever, começo a entender um pouco o que se pode construir com as palavras, começo, muito difusamente, a distinguir algumas luzitas ténues no profundo escuro da alma humana. E agora, que deveria começar, sinto e sei, na carne, o limitado espaço que me resta. Meu Deus, isto é frustrante: eu pronto a principiar e o tempo a fugir-me. Não faço a menor ideia qual será o livro seguinte, os livros seguinte e, no entanto, sinto-os vivos, dentro de mim, como o salmão deve sentir os ovos. Resta-me tentar que me saia do corpo o maior número possível. E penso em Maria Antonieta, já no estrado para o carrasco:
- Só mais um minuto, senhor carrasco.
Aí está: só mais um minuto senhor carrasco, só mais uns minutinhos senhor carrasco.
O destino de um artista é tremendo: ao vencer o tempo acabamos derrotados por ele, ou talvez seja mais certo ao contrário: apesar de derrotados pelo tempo vencemos? Ignoro a resposta. Sei que fiz o melhor que pude, que faço o melhor que posso, que tenho uma confiança cega na minha mão e na minha parte de trevas que é aquela que escreve. Não se escreve com ideias, não se escreve com a cabeça: é o livro que tem de ter as ideias, que tem de ter a cabeça. Eduardo Lourenço chamava-me a atenção de um verso do meu não caro Pessoa, “emissário de um rei desconhecido/eu cumpre informes instruções d’Além”, isto é o contrário do patetinha iluminado. E quem não entende que é outra coisa nada entende de literatura, e pior, nada entende da Vida. Entender é dar fé da unidade sobre a diversidade, do que existe de comum entre factos contraditórios. Não quero contar histórias, não quero explicar, não quero demonstrar nada. Quando escrevo quero apenas libertar-me do que escrevo e, se quisesse alguma coisa, seria apenas, se a isso fosse obrigado, dar a ver. Não mais do que esse tão modesto, tão ambicioso objectivo: dar a ver. Um livro são muitos livros, tantos quantos os seus leitores, é um pacto de sangue. Desconheço o que me trouxe a ele, não alcanço o menor vislumbre acerca do que me obriga a fazê-los. Se me perguntam
- O que é que quis dizer com este romance?
a resposta sincera é
- Não quis dizer nada
e não quis dizer nada porque me foi ditado. Isso terão de perguntá-lo a quem mo ditou. O meu trabalho consiste apenas em conseguir ouvir, e para conseguir ouvir dar-lhe tudo o que tenho. Sobra pouco para mim? Não tenho essa opinião. Tenho, antes, a de viver rodeado de pessoas vivas que se misturam com as pessoas vivas e quando não estou a escrever.
E se advertem
- Devias trabalhar menos
não entendo também: será isto trabalho? Não lhe chamaria trabalho. Honestamente não saberia o que chamar-lhe. Dá-me a sensação de ser a minha própria carne, as portas dos meus quartos fechados
(tantos quartos fechados)
dos meus quartos que nunca antes abri e me segam, de supetão, com excesso de luz das suas janelas, dá-me a sensação, nos momentos felizes, de caminhar sobra as águas. Disse numa entrevista que m aconteceu com este livro o que antes nunca me tinha acontecido: eu, que sou um homem de olhos secos, escrevi a chorar. Não de tristeza, nada que se pareça com tristeza: uma espécie de júbilo, de exaltação absoluta, como, nunca antes, me sucedera, feita de ter tocado, ainda que durante segundos, a própria essência das coisas. Sem o haver merecido. Sem qualquer mérito meu. Somente porque o tal “rei desconhecido” do soneto de Pessoa, meu pouco amado escritor, resolveu dar-me essa esmola. Escrevi esmola e, depois de haver escrito hesitei: esmola não me soa bem e contudo é verdade. Despe-te não da vaidade que não tens, mas do orgulho a que ferozmente te agarras, porque é uma esmola de facto, e enche os teus livros, à custa de muito viveres com eles, de um terrível, desesperado e feliz silêncio.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Contemporary Dance Video database

Na minha pesquisa dei de caras com este blog, fiquei boquiaberta FABULOSO (se calhar Ana já te tinhas referido a ele...) e por momentos até achei divertido pensar em inscrevermo-nos no Sadler's Wells Global Dance Contest 2009...o que é que acham?

http://contemporarydance-db.blogspot.com/

domingo, 5 de abril de 2009

Sugestão Abril

1ª Plataforma Portuguesa de Artes Peformativas
16 a 19 Abril 09
Montemor-o-Novo
Programa aqui:

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Exposição Topografia Feminina


Perguntas

O que é? Sobre o que é? Porquê? Quando? Quanto? Como? Por onde? O quê? Serve? Não serve? Usa? Quem usa? Para quê? Tem história? É flexível? É activo? Tem nome? Tem gavetas? Tem corpo? Consegue ver o céu? Tem medos? Onde mora? Tem desejos? Tem família? Como se veste? Como se despe? Onde se guarda? Para que serve? O que tem dentro? O que diz? O que te dá? O que utiliza? Quem o usa? Já o emprestas-te? É segredo? Como o usas?
Quais as suas características? Parte-se? Tem coração? Podes tocar-lhe? O que é? Tem dentes? Que forma tem? Que som tem? Como anda? Pinta-se? Que cheiro tem? Transforma-se? O que te mostra? Derrete-se? Tem janela? Tem porta? Tem tecto? Tem chão? Tem sexo? Podes adormece-lo? Tem sabor? Podes matá-lo? Tem memória? Porque o queres partilhar? Tem dor? Que espaço utiliza? Que textura tem? Que parte do corpo tem? Onde o guardas? Como o saboreias? Porquê ele? Está acordado? Tem alguém dentro? O que significa? Está vivo? Que idade tem? Quem o vê? Que tamanho tem? Que rasto deixa? Que importância tem? Que sensações dá? Transmite? nega? O qe sabes dele? O que os outros sabem dele? Está escondido? Tem sinais? É casado? Posso dançá-lo? Bebe-se? Penteia-se? Toma banho? Tem chaves? Posso come-lo? Usa óculos? É portátil? Posso viajar com ele? Partilhas? É inocente? E indecente? Tem ritmo? Tem luz? Tem vento? Morde? Ladra? Tem comichão? È escorregadio? È frio ou quente? Canta? Sonhas com ele? Tem gémeo? Tem emoções? Tem fim? Tem limites? Prende-se? Rasga-se? Parte-se? Limpa-se? Encolhe-se? Como o defines?